domingo, 21 de setembro de 2008

Por amor...

Por amor? É algo que só ele pode responder. Apenas me deixava levar por aquelas imagens diárias que apareciam por ali e que faziam pensar se aquele ciclo viçoso alguma vez teria fim.
O que levava aquele homem a fazer aquilo? O que é que o levava a visitar um ser humano que não sabia a razão de ser de ali estar? Que não se movimenta, que não fala, que não nada. Esta ali, deitada, naquela cama de hospital, Tinham roubado a vida a Margarida como alguém que corta uma flor para mera decoração. Filipe passa todos os dias, à mesma hora, pelas mesmas portas, pelos mesmos corredores desde o dia em que esta metade lhe foi roubada.
Ele apenas limita-se a ficar ali, sentado, a olhar para ela. A aconchegá-la, a acarinhá-la, a falar, a rir, a chorar. Ciclos viciosos de sentimentos que representam o brilho de esperança que Filipe leva todos os dias para Margarida.
Este homem ama realmente como o amor ama alguém. Seria muito mais fácil procurar e encontrar um caminho mais fácil, mas não. Ele continua ali, até que, aquele brilhozinho desapareça e ganhe coragem de se despedir, por mais consequências que essa despedida tenha.
Assisti, assisto e continuo a assistir à angústia que este homem guarda quando entra por aquela porta.